segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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Exercício

. Transforme os dias em pequenos objetos com os quais você pode brincar. Em bolas de gudes amarelas, vermelhas, verdes e azuis. Uma semana inteira você consegue controlar assim. Segunda-feira vermelha, terça-feira verde, quarta-feira violeta... Se você tentar reunir o estoque para um mês inteiro, perderá rapidamente a visão do conjunto. Onde é que ficou dia 18? O dia 26 era azul ou vermelho? Um ano é suficiente para cobrir o chão da cozinha. Dia 8 de janeiro embaixo da geladeira, 26 de maio debaixo do aquecedor, dia 24 de outubro em algum lugar embaixo do fogão.

. Você não consegue andar pela cozinha sem pôr as bolas de gude em movimento. Um dia bate no outro – como moléculas de pensamentos na memória. Agora trezentas e cinqüenta e seis esferas rolam pelo chão. Lentamente, o dia 3 de novembro vai rodando pelo chão em direção à mesa, bate na véspera de Natal, que continua rodando até o domingo de Pentecostes.

. Você tem um apartamento de três cômodos e multiplica as trezentas e cinqüenta e seis bolinhas do ano por setenta ou oitenta. O dia 17 de abril de 1983 pula a soleira da porta e sai rolando pela sala, onde bate no dia 18 de outubro de 1954, no dia 27 de junho de 1996 e no 24 de março de 2012 até parar ao lado do 5 de dezembro de 1989, embaixo da televisão.

. Você nada na opulência. Você se acha rico. Então alguém bate à porta. Cuidadosamente, você escala o chão da sala, afasta algumas centenas de bolas da porta e abre para uma jovem. Como você não tem rosas vermelhas, oferece a ela um punhado de bolas de gude. Mas a jovem quer jogar com as bolinhas que você lhe dá, e, antes que você se dê conta, já perdeu um milhar delas.

. Então batem de novo à porta, e entra um garotinho. Você lhe dá alguns milhares de bolas. No dia seguinte, ele traz sua irmã. Ela exige tantas bolas quanto o seu irmão. E só agora você percebe que o seu estoque está começando a diminuir. O chão não está mais tão abarrotado. As bolas de gude não se empilham mais por todos os cantos, como nos velhos bons tempos.

. E depois aparece o homem à porta. Ele lhe mostra um papel no qual consta que você lhe deve quatro mil e quinhentas bolinhas. Você logo se lança ao chão, conta o número exato de bolinhas e paga sua dívida instantaneamente. Você quer saber o que tem, quer saber com que ainda pode contar. Mas agora só lhe restam umas poucas bolas. Você tem que procurar, tem que correr de um quarto para o outro para achar mais uma.

. Você tranca a porta e procura proteção. O que ainda resta quer guardar para si.



O Pássaro Raro - Jostein Gaarder

terça-feira, 6 de outubro de 2009

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Você começa a falar com uma pessoa.
Depois você
conhece essa pessoa.
Aí você percebe que essa pessoa
não desiste de ninguém assim tão fácil.
Você pode
achar que ninguém não merece todo esse esforço.
Mas a pessoa não.


Ela não desiste.


Ela
encontra uma maneira de ajudar ninguém.
Mesmo que ninguém não ache que isso é
possível.
Geralmente, a pessoa
encontra um modo de culpar a si mesma.
Ela acha melhor.
Melhor que ficar brigando.
Depois de perceber isso, você tem
duas escolhas:
tratar a pessoa como outra
qualquer.
Ela não vai desistir de você mesmo.
Que diferença isso faz
?
Nessa escolha, você passa a
ser o ninguém anterior que você achava que não merecia todo aquele esforço;
ou você pode escolher tratar essa pessoa como ela merece.
Como ela trata você.
Com, pelo menos, o mínimo atenção e preocupação para com os assuntos que dizem respeito a ela.
Não sei os outros, mas se você tiver um
pouco de bom senso, a segunda escolha é a mais honesta.
A mais justa.
Não sei o outros, mas se você tiver um pouco de bom senso, você vai preferir ter
perto de si esse tipo de pessoa.
Escolha por motivos
egoístas?
Sim.
Num
primeiro momento, sim.
Mas depois você muda.
Você
passa a ser um pouco daquela pessoa também.
Você começa a
acreditar que não desistir de ninguém nem é tão irracional e desgastante assim.
Você muda.
Você percebe que ser um pouco daquela pessoa te faz sentir melhor.
O
motivo inicial pelo qual você quis ter aquela pessoa perto de você, agora parece tolo.
Você queria uma pessoa que não desistisse de você.
Uma pessoa que não deixasse de acreditar em você, mesmo que
você já tivesse desistido de si.
Mas você mudou.
Você sabe que a pessoa não vai desistir de você, no fim das contas.
Mas você não mantém aquela pessoa perto por esse motivo.
Não mais.
Você mudou.
Agora você a mantém perto pelo simples fato de te fazer bem.
Pelo fato de que, perto, você sabe se aquela pessoa está
bem verdadeiramente.
Não só superficialmente.
Por que
você sabe que essa pessoa é capaz de deixar todos os problemas dela e encontrar uma maneira de te ajudar.
Ajudar ninguém.
Agora você a mantém
perto o suficiente para que, quando ela desistir de si mesma, quando ela não acreditar mais, você possa estar lá para não desistir dela.
Para acreditar.
E agradecer!
Você mudou.
É parte daquela pessoa.

Glícia Almeida

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

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Maybe I, maybe you
Can make a change to the world


We're reaching out for a soul
That's kind of lost in the dark
Maybe I, maybe you
Can find the key to the stars
To catch the spirit of hope
To save one hopeless heart



You look up to the sky
With all those questions in mind
All you need is to hear
The voice of your heart
In a world full of pain
Someone's calling your name
Why don't we make if true
Maybe I, maybe you
Maybe I, maybe you









All you need is to hear
The voice of your heart



Maybe I, maybe you
Maybe I, maybe you

sábado, 22 de agosto de 2009

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Eu nunca tinha lido o livro O Pequeno Príncipe quando era criança, mas sempre ouvia falar na frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Sempre concordei com ela, mas nunca entendia o quão profundo ela é. A raposa explica para o Pequeno Príncipe que cativar é criar laços e, assim, ter necessidade do outro. Ela diz ainda que se ele a cativar, a vida dela será como que cheia de sol, ele não será mais só um garoto entre milhões para ela, o barulho dos passos dele será diferente dos outros, o dourado do trigo não tinha nenhuma importância para ela, mas agora lembrará a cor do cabelo dele. A gente só conhece bem as coisas que cativou, ela continua dizendo. Só ai eu percebi realmente o que a frase queria dizer.





CATIVE!
Crie laços.
Que você tenha necessidade de alguém, e que alguém sinta necessidade de você.
Continue levando sol pra vida das pessoas.
Que seus passos sejam diferentes, entre tantos milhões, para uma, duas, três pessoas, que seja.
E que os passos de alguém sejam tão diferentes e especiais pra você também.
Que a cor do trigo te lembre alguém.


Conheça.






...



Obrigada por ter me cativado! Ser necessário(a)! Trazer sol pra minha vida!

terça-feira, 14 de julho de 2009